CORDEL DO TEMPO - MARIA NAZARETH CARVALHO


O Tempo dá a cada vida
hora certa da chegada
e a hora da partida.
Se é dia ou madrugada
sempre é certa sua lida
No destino já traçada.

O tempo cura as dores
Quando tudo está perdido.
Dá à vida novas cores,
Dá à morte real sentido
Levando a febre e os temores
Do corpo gasto e abatido.

O tempo corre no espaço
Gira com as voltas do mundo.
Não conhece dor, nem cansaço,
Preenche um poço profundo,
Preenche as letras que faço
Fazendo o traço bem fundo.

Existe tempo para o amor
Que vem mesmo sem aviso
Traz alegria e a dor,
Faz coração perder juízo
leva na mão uma flor
Que tirou do paraíso.

É o tempo do bem amado
Quando chega triunfante
Como o sol todo dourado
Apontando no horizonte.
Ele é a sede, o abrasado
A mulher é sua fonte.

Há tempo do aguaceiro,
Que é chuva, é temporal.
Vem no mês de fevereiro
Até março no final.
Cai a casa, faz atoleiro,
Transbordam rios e arrozal.

Há o tempo da fartura,
Casa farta, mesa cheia.
Há o tempo da apertura
O que era muito se escasseia.
É só esperar pela ventura
Quando dá a volta e meia.

O tempo tem sua hora
Para tudo acontecer,
Depressa ou com demora
É difícil de entender.
Ele caminha sem pressa
De manhã ao anoitecer...

Vem quietinho, silencioso,
Olha as frestas da janela
Como é muito curioso
Vê que se esconde por trás dela
Come o pão já amargoso
Que guardaram na tigela.

Deixa escrito atrás da porta
Ninguém sabe o que escreveu:
É língua viva ou língua morta,
Quem viu nada entendeu.
A filha do dono cai morta...
A escrita esclareceu.

A mãe estremecida
Pede ao tempo por seu filho:
_Não sou nem dono da vida,
Nem do sol, nem do seu brilho.
É pra mim desconhecida
minha estrada, o meu  trilho...

Não sei de onde venho
Só sei do compromisso:
Trabalhar com todo empenho
Não negando meu serviço,
Se na mão o peixe tenho
Ao pescador dou um caniço.

Não sei qual minha semente
Vem do tudo, vem do nada
Como Deus Onipotente
Eu não paro na escalada
Pra viver eternamente
Sem ter fim nesta jornada...

O tempo é minha espera
No portal que desconheço,
Se for inverno ou primavera,
Não penso, não estremeço.
Tudo aqui é só quimera,
Mesmo assim tudo tem preço.

Agora vou-me afastando,
acabou tinta e papel.
O tempo está me avisando:
A lua brilha no céu.
Espero estejam gostando
Dos meus versos de cordel.


Copyright © 2015 - Todos Direitos Reservados a Maria Nazareth Carvalho - Reprodução Proibida

Maria Nazareth Carvalho 
Acesse a página da poetisa:

LIVROS - GRATUITOS
Solicite direto com a autora pelo e-mail:


FICHA TÉCNICA
Livro: "A Menina da Fazenda"
Autora: Maria Nazareth Carvalho
Páginas: 80
ISBN: 9788578780173
Editora: Funalfa
Preço: Gratuito




Sinopse
"Aos 80 anos de idade, a educadora, Maria Nazareth de Carvalho, estreia na literatura com a autobiografia “ A Menina da Fazenda”. O livro reúne episódios que têm como cenário o povoado de Muquém, no sul de Minas Gerais.
Com base nas experiências vividas na fazenda do pai e do avô, durante a infância e pré-adolescência, a autora reconstrói o ambiente rural de 1930. Ao mergulhar no seu baú de recordações, a escritora retrata um modo de vida muito diferente do atual, trazendo para o leitor as delicadezas de uma vida mais serena e introspectiva."

FICHA TÉCNICA
Livro: "Vida de Professora"
Autora: Maria Nazareth Carvalho
Páginas: 123
ISBN: 788578510602
Editora: Editar Editora Associada
Preço: Gratuito


Sinopse
"Neste livro estou resgatando lembranças de uma FEBEM que não mais existe, de alunos, diretores, professoras, e funcionários que deixaram naquele chão de subidas e descidas marcas indeléveis dos seus passos...
E um Educandário que formou jovens para o futuro e homens para a vida...
Às Professoras e Professores que, apesar de tudo, continuam a luta empunhando a Bandeira  Educação e do Ensino.
Ao Maestro Patrocínio, que foi regente da Banda da Polícia Militar de Juiz de Fora, maestro da banda da FEBEM e Professor de Música do Conservatório Estadual de Música Haidê França Americano (in memorian)."

Significado de algumas palavras:
Abrasado – Ardente (adjetivo)
Fartura – Abundância (substantivo/feminino)
Escasseia – falta. (verbo transitivo e intransitivo)
Ventura – Destino (bom ou ruim); sorte: possui a boa ventura de ser feliz. Circunstância e acontecimento favoráveis, mas que não dependem dos desejos da pessoa que deles se beneficia. Contentamento pelo sucesso obtido; felicidade. Em que há ou pode haver perigo ou risco; ameaça. (substantivo/feminino)
Caniço - Cana delgada. Nome comum a diversas plantas monocotiledôneas, da família das gramíneas, que crescem à beira dos lagos. Cana comprida de que pende um fio com anzol para pescar. Figura - Pessoa magricela. (substantivo/masculino)
Onipotente - Cujo poder é absoluto; que tudo pode; todo-poderoso. Que consegue controlar tudo; que detém o controle sobre tudo. Que possui muita autoridade ou poder; irrestrito. (adjetivo)
Designação atribuída a Deus; o Todo-Poderoso. Quando se referir a Deus, deve ser grafado com as iniciais maiúsculas: Onipotente. (substantivo/masculino)

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Agradeço seu comentário.
      Maria Nazareth Carvalho

      Excluir
  2. Bom dia Nazaret, o tempo é o nosso carrasco, e bem feitor ao mesmo tempo, e os teus versos dissecam estas duas faces do tempo com muita primazia, parabéns pelo irretocável coletânea de cordéis,eu te desejo uma semana de muitas conquistas, um abraço, MJ.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Miguel Jacó, agradeço seu comentário generoso sobre meu CORDEL DO TEMPO. A maior alegria do escritor e poeta é saber que seu texto emocionou o leitor.
      Maria Nazareth Carvalho

      Excluir
  3. Oi Nazareth, que bom te encontrar aqui

    ResponderExcluir

Obrigada pelo seu contato.

Beijos poéticos,
Marcela Re Ribeiro